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Alerta ESG: energia, bebidas e setor imobiliário e telecomunicações são destaque na análise da semana


Nossa equipe de analistas seleciona, semanalmente, os principais fatos ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança coorporativa) que podem afetar as +200 empresas brasileiras listadas em nossa cobertura. Estas são as notícias da última semana:

 

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IMPACTO:  NEGATIVO  | MODERADO 

 ENERGIA


Trabalhadores em condições análogas à escravidão são resgatados de fazenda de cana-de-açúcar fornecedora de etanol para os postos Ipiranga 



Nas fazendas arrendadas pela Usina Coruripe, gigante do setor sucroalcooleiro e fornecedora de açúcar para as multinacionais Coca-Cola e Louis Dreyfus Company (LDC) e etanol para os postos Ipiranga, 19 homens foram submetidos a trabalhar em condições análogas à escravidão. Um deles machucou o pé ao usar um par botas que havia achado no lixo, já que não havia botas para os trabalhadores e, sem conseguir tratamento, acabou morrendo por choque séptico causado pela infecção. Os contratos celebrados entre a Usina Coruripe e Ipiranga para a venda de etanol, com vencimentos em 2022 e 2023, somam mais de R$ 100 milhões. A Ipiranga, após o contato da Repórter Brasil, suspendeu as operações com a Usina Coruripe “até que os fatos sejam esclarecidos”. A rede de postos afirmou que é comprometida com a promoção dos direitos humanos, que é signatária do pacto contra o trabalho escravo e que repudia “toda e qualquer forma de exploração de trabalho”.  22/08/2022, Repórter Brasil




Em 2021, cultivo de cana-de-açúcar esteve entre as cinco atividades rurais com os maiores números de trabalhadores resgatados, segundo um levantamento do Ministério do Trabalho e Previdência. Dos 1.937 trabalhadores resgatados, 310 estavam no cultivo de café, 215 no de alho, 173 na produção de carvão vegetal, 151 na preparação de terreno, 142 na cana-de-açúcar e 106 na criação de bovinos para corte. Conforme a reportagem da Repórter Brasil sobre esses números, desde a década de 1940, o Código Penal Brasileiro prevê a punição ao crime que dá-se o nome de trabalho escravo contemporâneo, escravidão contemporânea, condições análogas às de escravo. De acordo com o artigo 149 do Código Penal, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea: trabalho forçado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).


Conforme a Ipiranga relata em seu último relatório de sustentabilidade, sua cadeia de fornecedores é composta por mais de 2 mil fornecedores, com um total de compras que ultrapassou R$32,2 bilhões em 2021. Desse total, 73% corresponde à categoria de produtores de biocombustíveis. Ainda de acordo com a companhia, todos os contratos firmados incluem cláusulas anticorrupção, de segurança da informação e relacionadas a direitos humanos, responsabilidade social e práticas trabalhistas, ambientais e de saúde e segurança. A Ipiranga conta com uma Política de Fornecedores e uma Cartilha de Sustentabilidade para Fornecedores, além de buscar, até 2030, ter 100% dos seus fornecedores críticos com práticas de excelência em ESG. Em ambos os documentos ela reforça que condena as práticas de trabalho forçado e análogo ao escravo e que adota medidas preventivas para evitar esse risco em sua cadeia de fornecimento, incluindo processos internos de checagem de documentos, reputacional e de listas restritivas.


Ainda que a Ipiranga tenha rompido seus contratos com o fornecedor em questão e que possua práticas e processos quanto à gestão socioambiental de seus fornecedores, o episódio traz à tona duas questões importantes na gestão de temas ESG na cadeia de fornecedores. Uma delas, a fiscalização do cumprimento do código de conduta e/ou políticas socioambientais para fornecedores por parte de seus contratados e, a outra, o risco sob o qual a empresa está exposta já que a mesma pode ser responsabilizada solidariamente caso trabalhadores em situação análoga ao de escravo sejam flagrados em sua cadeia produtiva, ainda que terceirizada.



IMPACTO: NEGATIVO | BAIXO  

IMOBILIÁRIO


Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em face de CEO da Multiplan e presidente do Conselho de Administração da Tecnisa 





A operação em face dos líderes das empresas se deve à reportagem do site Metrópoles, que teve acesso a conversas privadas em aplicativo de mensagens. Nas conversas houve declarações sobre um possível “golpe de estado” caso as eleições presidenciais do Brasil sejam vencidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em detrimento da vitória do candidato preferido do grupo, o presidente Jair Messias Bolsonaro. Os empresários José Isaac Peres, CEO da Multiplan, e Meyer Nigri, presidente do conselho de administração da Tecnisa, são dois dos oito empresários alvos da operação da Polícia Federal. Os mandados de busca e apreensão são acompanhados do bloqueio de contas bancárias, bloqueio de perfis em redes sociais, tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário. A investigação busca compreender se há indício de organização criminosa por parte dos empresários, quando estes se articulariam em núcleos políticos, de produção, publicação e financiamento de atuação digital para possivelmente atentar contra a democracia brasileira. 23/08/2022, InfoMoney. 






O caso envolvendo os empresários teve grande repercussão política, tanto pela discussão da privacidade dos dados envolvendo conversas privadas, quanto pela tensão que envolve a relação entre o presidente da República e o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo processo no STF. Uma vez que as conversas privadas que sinalizavam um suporte a um golpe de estado foram a público, é possível presumir uma eventual perda de reputação e confiança por parte das demais partes interessadas das companhias, como membros da sociedade civil, organizações não-governamentais parceiras, funcionários e o próprio poder público.



IMPACTO: POSITIVO 
CONSUMO NÃO-CÍCLICO

Ambev anuncia acordo comercial com produtora de “PET verde"

O acordo foi firmado com a Avantium, companhia de tecnologia química e renovável, que desenvolveu em conjunto com a Ambev garrafas produzidas à base de PEF (polietileno furanoato). Este material é 100% vegetal e será produzido na primeira planta comercial do mundo dedicada à matriz deste produto, o FDCA (ácido furandicabixílico), que é composto de açúcares vegetais. A fábrica começará a produção comercial de PEF a partir de 2024. Segundo a Avantium, o PEF é 10 vezes mais resistente para conter o oxigênio e 16 vezes melhor como barreira ao CO2 em relação ao PET, garantindo bebidas carbonatadas de melhor qualidade para os clientes. Este investimento da Ambev está alinhado às metas de sustentabilidade da companhia propostas até 2025, que envolve a eliminação de poluição plástica das embalagens no Brasil. Assim, além das iniciativas voltadas para a reciclagem e redução do uso de plásticos, o investimento em soluções de origem sustentável também compõem a meta da companhia. 23/08/2022, Embalagem Marca.



IMPACTO: POSITIVO

ENERGIA 




Grupo Comerc Energia, do qual a Vibra detém 50% de participação, desenvolve ferramenta para planejamento de descarbonização pelas empresas 




Trata-se da Comerc Impacta, uma ferramenta que realiza uma análise detalhada do inventário de gases do efeito estufa das companhias, faz o diagnóstico dos principais fatores de emissão e apresenta soluções de descarbonização para atingir as metas estabelecidas ou até mesmo a neutralidade. As soluções de descarbonização podem vir da plataforma integrada da empresa ou por meio de parcerias e alternativas disponíveis no mercado. A modalidade de negócio é mais difundida fora do Brasil. Neste caminho para a transição, a ideia é que a Comerc acompanhe os parceiros ao longo do tempo revisando os processos e monitorando a operação para sugerir mudanças que melhorem os processos, conforme novas tecnologias forem surgindo ou a cadeia de produção viabilize soluções mais sustentáveis. 23/08/2022, Valor Econômico.   



Confira os principais highlights, avanços e lacunas no desempenho ESG das empresas de nossa cobertura e análises inéditas de novas empresas. Para maiores detalhes sobre as análises e como integrar esses temas ESG nas suas decisões de investimento, consulte nossa equipe: esgresearch@nintgroup.com



Disclaimer: Este relatório não constitui uma recomendação de investimento. As informações contidas neste relatório são baseadas em fontes que a NINT (do inglês “natural intelligence), nova marca da prática de consultoria que atuou sob a marca SITAWI entre 2013 e 2021, acredita serem confiáveis. Entretanto, a precisão, completude e atualização destes dados não podem ser garantidas e, sob nenhuma circunstância, a NINT poderá ser responsabilizada pelas decisões estratégicas, de gestão ou quaisquer outras tomadas com base nas análises aqui apresentadas. Este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário e não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa. 


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