ESG Research: SABESP, Embraer e Movida
Trazemos nesta edição a atualização da nossa cobertura de Sabesp, Embraer e Movida. Para maiores detalhes sobre as análises e como integrar esses temas ESG na análise de empresas e decisões de investimento, consulte nossa equipe. Para maiores detalhes sobre as análises e como integrar esses temas ESG nas suas decisões de investimento, consulte nossa equipe: esgresearch@nintgroup.com
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, mais conhecida como Sabesp, é a concessionária responável por oferecer serviços de abastecimento de água e esgoto no estado de São Paulo. As atividades da Sabesp incluem serviços de esgotamento sanitário, gerenciamento e drenagem de águas pluviais urbanas e gerenciamento de resíduos sólidos.
Em 2021, a empresa construiu a sua primeira estação de energia fotovoltaica, além de prever a destinação de 245 milhões de reais para o Programa de Geração de Energia Fotovoltaica.
A empresa realiza projetos que utilizam o lodo para a produção de fertilizantes e elementos energéticos, promovendo o reuso de água. O biogás gerado a partir do tratamento de esgoto é aproveitado como fonte alternativa de energia. A empresa mantém ainda um programa corporativo formalizado com a CETESB para recomposição florestal, tendo registrado a plantação de um milhão de mudas de espécies nativas regionais nos últimos 10 anos.
A companhia reservou 495 vagas em seu último programa de Jovem Aprendiz para portadores de deficiência e adolescentes resgatados do trabalho infantil. Também tem se mostrado alinhada às taxonomias de sustentabilidade, como o SASB - Water Utilities & Services Standard e o IFC - Environmental, Health, and Safety Guidelines for Water and Sanitation, ao promover o fornecimento de água de reuso e programas para redução de perdas de água captada. A Sabesp também conta com programa “Novo Rio Pinheiros”, que envolve ações em parceria com prefeituras para zeladoria e limpeza nos córregos, além da geração de trabalho e renda para os catadores locais.
Em relação à governança, pode-se destacar uma estrutura diversa, com um Conselho de Administração composto por 56% de membros independentes e uma Diretoria Executiva com uma participação feminina de 50%.
A Embraer atua globalmente nos segmentos de aviação comercial, executiva e agrícola, e defesa e segurança. A empresa projeta, desenvolve, fabrica e comercializa aeronaves e sistemas, além de fornecer suporte e serviços de pós-venda.
A companhia tem meta de ser neutra em carbono até 2040 e reduzir em 50% suas emissões líquidas de CO2 até 2050. Para atingi-las, tem como foco três atuações principais: eficiência energética das operações; utilização de energia elétrica 100% proveniente de fontes renováveis; e aumento do uso de SAF (Sustainable Aviation Fuel).
A empresa é signatária da TCFD, e realiza investimentos voltados a mitigar os riscos climáticos na companhia. Como exemplo, a Embraer e a Raízen (empresa global de bioenergia) assinaram, em julho de 2022, uma Carta de Intenções com o compromisso de estimular o desenvolvimento do ecossistema de produção de SAF. Também busca se tornar a primeira empresa a utilizar esse combustível a ser produzido no Brasil. Essa iniciativa beneficia o setor de transporte aéreo em todo o mundo, e o uso desse combustível é parte fundamental da sua estratégia visando neutralidade de carbono nas operações até 2040.
A Embraer possui um programa de desenvolvimento integrado de produtos ambientalmente sustentáveis (DIPAS): Desenvolveu aeronaves executivas que utilizam SAF e tem realizado testes para que as aeronaves comerciais também possam utilizar SAF a médio prazo; realizou o primeiro teste com motor elétrico em outubro de 2021 e, em novembro, lançou o projeto Energia Family, composto por propulsão elétrica, célula de combustível de hidrogênio, turbina a gás de combustível duplo e híbrido-elétrico.
Ainda alinhada aos objetivos acima, em 2022, a empresa fechou contrato de compra de energia elétrica que assegura que 100% da eletricidade adquirida pela Embraer no Brasil, seja de fontes renováveis, eólica e solar, a partir de 2024. O consumo de eletricidade em suas operações no Brasil representa cerca de 70% do total consumido em todas as suas operações globais. Em 2022, também foram iniciados estudos e discussões para que, até 2030, 100% da energia elétrica consumida pela Embraer seja de fontes renováveis em todas as suas operações no mundo. Por fim, planeja, para 2026, seu veículo de decolagem e pouso vertical totalmente elétrico e com emissão zero, o eVTOL.
Em relação à dimensão social, destaca-se por manter há 19 anos em suas maiores unidades fabris certificações internacionais de segurança ocupacional como a ISO 14001 e OHSAS 18001. Em 2021, as Unidades Brasil adquiriram a certificação da ISO 45001, fazendo com que mais de 88% de suas operações estejam certificadas.
Os procedimentos e mecanismos relacionados à segurança da informação também são pontos de destaque: são baseados em frameworks de referência como NIST 800 Special Publication e ISSO 27001, e passam por revisões periódicas para garantir sua capacidade de detectar, controlar e responder a possíveis ameaças cibernéticas globais. No entanto, esses resultados não são divulgados publicamente. Ao longo do ano de 2022, não foram registrados vazamentos de dados com informações sigilosas, mas sofreu, em 2020, um incidente de segurança cibernética em seus sistemas de TI que impediu o acesso a determinados arquivos e resultou na divulgação inadvertida de dados, alguns dos quais disponibilizados na dark web.
Em 2022, quarenta auditorias externas foram realizadas entre as unidades no Brasil e no exterior garantindo a manutenção das certificações de qualidade da empresa (AS9100, NATO AQAP 2110, COP ANAC e PC FAA). Apesar disso, a empresa conta com histórico recente de controvérsias relacionadas ao tema: em 2019, a ANAC impôs o recall de cerca 180 jatos do modelo Phenom 300 da Embraer.
Quanto às boas práticas de governança corporativa, apesar de apresentar metas de diversidade de gênero, a participação das mulheres no corpo total de funcionários é de apenas 19%. Na alta liderança, apenas 20% e 15% de mulheres compõe o quadro de membros da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração, respectivamente.
Por fim, a despeito das políticas de combate à corrupção adotados pela Embraer, a companhia tem histórico recente de controvérsias envolvendo, inclusive, a alta administração. Em 2017, um ex-executivo da Embraer confessou ter recebido US$ 5,76 milhões em propina para influenciar contrato de venda de aeronaves para Arábia Saudita; em 2018, a empresa Embraer foi condenada por pagamento de propina para favorecer a venda de aeronaves para a República Dominicana; e em 2016, a empresa foi condenada a pagar US$ 205 milhões para encerrar caso em que foi acusada de receber mais de US$ 83 milhões em lucros mediante subornos.
A Movida é uma das três maiores empresas de locação de veículos do Brasil em tamanho de frota e receita. Conta com a plataforma de mobilidade I-Move, abrangendo a Movida Trikke com aluguel de triciclos e bicicletas elétricas. As atividades são divididas ainda em locação de veículos (“rent a car” ou RAC) e, gestão e terceirização de frotas (GTF). É certificada como empresa B, sendo a segunda companhia listada no Brasil a integrar esse ecossistema.
A empresa conta com iniciativas voltadas para a gestão de recursos hídricos, como tratamento de água para reuso e utilização de lavagem a seco em 78% de suas lojas. Emitiu em 2021 o primeiro Sustainability Linked Bond do setor no valor de US$ 500 milhões. A operação adotou como meta a redução de 30% das suas emissões de gases de efeito estufa, sendo a eletrificação da sua frota fundamental para alcançar esse objetivo. Ao final de 2022, contava com 822 veículos elétricos.
A empresa possui a remuneração variável de seus executivos atrelada ao seu desempenho ESG e seu conselho conta com 40% de membros independentes. Não conta com nenhuma mulher na composição do seu conselho.
Disclaimer: Este relatório não constitui uma recomendação de investimento. As informações contidas neste relatório são baseadas em fontes que a NINT (do inglês “natural intelligence), nova marca da prática de consultoria que atuou sob a marca SITAWI entre 2013 e 2021, acredita serem confiáveis. Entretanto, a precisão, completude e atualização destes dados não podem ser garantidas e, sob nenhuma circunstância, a NINT poderá ser responsabilizada pelas decisões estratégicas, de gestão ou quaisquer outras tomadas com base nas análises aqui apresentadas. Este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário e não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa.
