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 ESG Research: confira os destaques sobre a performance socioambiental das empresas Grendene, Kepler Weber, JPMorgan Chase, Berkshire Hathaway

Trazemos nesta edição a atualização da nossa cobertura de Grendene. Disponibilizamos também um resumo de nossas análises de Kepler Weber, JPMorgan Chase, Berkshire Hathaway e Lojas Marisa, inéditas em nossa cobertura. Para maiores detalhes sobre as análises e como integrar esses temas ESG nas suas decisões de investimento, consulte nossa equipe:  esgresearch@nintgroup.com

A Grendene tem como principal matéria prima utilizada na produção de seus calçados a resina de PVC. No ano de 2021, 27% do PVC utilizado em seus calçados era reciclado. A empresa conta com a meta de chegar a 30% até o ano de 2022. Vale destacar também que a empresa recebeu no ano de 2022 o Prêmio ECO na categoria Práticas de Sustentabilidade, pela (Amcham Brasil (Câmara americana de comércio), e todos os seus calçados produzidos são registrados pela Vegan Society. Em 2021, a empresa publicou pela segunda vez o seu inventário de emissões de gases de efeito estufa, onde reportou zero emissões de escopo 2, relacionada a aquisição de energia.


Em abril de 2022, o diretor de Relações com Investidores da Grendene, Alceu Demartini de Albuquerque, esteve envolvido em um processo administrativo na CVM após indícios de suposta negociação de ações ordinárias antes da divulgação de fatos relevantes. Na ocasião, foi firmado um acordo para o pagamento de R$ 170.000,00 de sua parte. O executivo firmou o termo para encerramento do caso ainda em fase de análise, ou seja, antes de acusação instaurada.



A Kepler Weber é uma empresa brasileira atua no setor de agronegócio, com foco em soluções para armazenagem de grãos. Listada no mercado tradicional da B3 e com intenção de ser listada no Novo Mercado, a companhia conta com indicadores de governança corporativa que destoam das práticas necessárias para a listagem. Como aspecto mais significativo, a companhia não conta com membros independentes em seu conselho de administração. Além disso, em termos de diversidades, apenas 13% do CA é composto por mulheres, ao passo que 88% dos membros são oriundos do mercado financeiro, gerando um baixo índice de diversidade de pensamento nos dois cenários. 


Em relação à diversidade do corpo de funcionários, a companhia cumpre a legislação de contratação de PCD’s, com mais de 5% de trabalhadores com deficiência, mas ainda conta com taxas baixas de mulheres tanto em cargos de liderança (13%) quanto operacionais (16%). Apesar da companhia ser certificada pela ISO 45001, focada em Segurança e Saúde Ocupacional, outro ponto preocupante da companhia envolve um indicador de saúde e segurança: a taxa de frequência de acidentes da companhia cresceu entre 2020 (13,36) e 2021 (19,04). Quando comparado com 2019, também há registro de aumento, uma vez que a taxa foi de 17,08. 


No que tange questões relativas às mudanças climáticas e uso de energia, o cenário demonstra uma gestão ativa da companhia, uma vez que a Kepler Weber informou pela primeira vez as suas emissões de gases de efeito estufa em 2021, além de ter aumentado sua eficiência energética, tendo em 2021 alcançado a menor taxa de intensidade energética desde 2019. Em 2021, o índice foi de 196,01 KWh/t, contra 258,50 KWh/t de 2019. 

As ações de sustentabilidade do grupo JP Morgan Chase & Co., líder no setor financeiro norte-americano, são centradas nos temas mudanças climáticas e finanças sustentáveis. 


Em 2021, a companhia estabeleceu sua meta de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. A estratégia de descarbonização se dá através de dois canais: operação direta, e descarbonização do portfólio. Como parte do compromisso operacional, em 2020 a empresa alcançou 100% de abastecimento de energia proveniente de fontes renováveis, mediante autogeração de energia solar e aquisição de energia via contratos com terceiros. Quanto à estratégia de descarbonização dos portfólios, a companhia estabeleceu metas para setores críticos, como Petróleo e Gás, Fabricação de Automóveis e Energia, de redução da intensidade de carbono nas emissões em 35% (escopo 1 e 2), 41% (escopo 1, 2 e 3) e 70% (escopo 1), respectivamente. 


Em relação à estratégia de finanças sustentáveis, o JP Morgan Chase estabeleceu uma meta para mobilizar, até o final de 2030, mais de US$ 2,5 trilhões para negócios que estejam ligados ao combate às mudanças climáticas e contribuam para o desenvolvimento sustentável. Até 2021, 11% da meta havia sido atingida.


O banco trabalha com um portfólio de produtos sustentáveis, em que se destacam os fundos ESG de ações e renda fixa, e estruturação títulos verdes e sociais. Através do JP Morgan Global Private Bank, o banco investe em fundos de ações que consideram fatores ESG em seu processo de investimento e focam em temas sustentáveis. Ainda, o JPMorgan Chase emitiu um título verde de US$ 1,25 bilhão em agosto de 2021 para apoiar nove investimentos em energia renovável em projetos eólicos, solares e geotérmicos nos EUA. Em 2020, a companhia já havia emitido um título verde de US$ 1 bilhão. 


Apesar dos avanços, o JP Morgan Chase é frequentemente atingido por condenações de processos trabalhistas e cíveis, motivados, em sua maioria, por sobrejornada não remunerada, discriminação e casos diversos de infrações a direitos dos consumidores. A plataforma Violation Tracker identifica uma média de 4 condenações por ações cíveis e 1,4 condenação por ações trabalhistas por ano, ao longo dos últimos 20 anos. Ainda, o envolvimento em controvérsias relacionadas à manipulação de mercado e práticas fraudulentas por parte do grupo é também recorrente. Desde 2002, a companhia foi condenada a pagar multas multimilionárias por tais motivos ao menos 45 vezes. 


Por fim, um tópico também crítico para a companhia é a segurança da informação. Em julho de 2021, o JP Morgan Chase informou os clientes sobre um incidente de segurança decorrente de um bug em seu site que expôs dados pessoais e bancários do cliente a terceiros. Antes disso, em 2014, o JP Morgan Chase foi atingido por uma violação de dados de 83 milhões de contas. A violação foi considerada uma das maiores de todos os tempos. 



Quanto às iniciativas de diversidade e inclusão, a companhia destaca-se por ter um quadro geral de funcionários em que cerca de 54% autodeclaram-se não brancos e 49% são mulheres. Há, porém, espaço para melhoria na diversidade racial e de gênero no recorte da liderança da companhia: as mulheres e pessoas não brancas representam apenas 26% e 23% dos cargos de nível sênior, respectivamente. No conselho de administração, esses números mudam para 40% e 10%, e na diretoria executiva, para 37% e 16%. 



A Berkshire Hathaway é composta por uma vasta gama de empresas subsidiárias sediadas nos Estados Unidos, que juntas formam um império atuante em diversos segmentos: desde seguradoras e distribuição de energia elétrica, até redes ferroviárias e produção de joias (entre outros). Liderando a lista das três maiores subsidiárias da Berkshire em faturamento está o grupo de seguradoras, cujas receitas representam 27% do total da companhia. Em seguida está a ferroviária BNSF Railway, considerada um ativo indispensável tanto para o país quanto para a companhia, que faturou com suas operações mais de US$6 bilhões em 2021. Por fim, tem-se a Berkshire Hathaway Energy (BHE), usina de energia líder em geração e transmissão em grande parte dos Estados Unidos, que faturou US$ 4 bilhões em 2021. Inevitavelmente, tais subsidiárias são as que mais se envolvem em controvérsias, muito porque os setores em que atuam são extremamente sensíveis à materialidade de variados tópicos socioambientais. Entre as controvérsias mais recorrentes, destacam-se as que seguem: 


A PacifiCorp (principal subsidiária da BHE), é frequentemente condenada a pagar multas e indenizações devido a investigações que a responsabilizam pelo início de incêndios florestais. Todos os casos, que levaram a quilômetros de destruição ambiental, patrimonial e perdas de vidas, comprovaram falhas de cumprimento de medidas de segurança por parte da empresa que, tivessem sido seguidas, poderiam ter evitado os acidentes. Apenas entre 2021 e 2022, o total pago em penalizações de 4 incêndios ocorridos no período superou US$ 500 milhões. 


Ainda, a Berkshire Hathaway é atingida de forma recorrente por processos e condenações devido a emissão de poluentes atmosféricos e contaminação de recursos hídricos. Desde 2000, as subsidiárias dos segmentos ferroviário e manufatureiro (em especial, indústrias de produtos químicos e metálicos complexos) somam uma média de 3 condenações por ano motivadas por episódios de vazamentos químicos, poluição atmosférica e má gestão de efluentes, que afetaram diretamente o equilíbrio do ecossistema local e a saúde de trabalhadores, clientes e moradores da região. As milionárias penalizações incluem desde o pagamento de indenizações até multas por descumprimento das leis ambientais Clean Water Act e Clean Air Act do país. 


No mais, a Berkshire Hathaway peca em não divulgar nenhum dado socioambiental de suas subsidiárias de forma consolidada. Como única exceção, a companhia informa que as emissões de escopo 1 e 2 da BHE e BNSF Railway juntas representaram mais de 90% do total da companhia, superando 79,3 milhões de tCO2eq em 2021. De forma remediativa, as duas apresentam metas de redução de ao menos 30% das emissões até 2030. 


Pelo lado da ferroviária BNSF, o consumo de óleo diesel pelas locomotivas foi responsável por aproximadamente 80% das emissões de gases de efeito estufa. Dentre as iniciativas para atingir a meta de redução, pretende-se melhorar a eficiência de combustível e aumentar a utilização de combustível diesel renovável. Soluções de longo prazo, como locomotivas elétricas a bateria e a hidrogênio, também estão sendo avaliadas e testadas em campo. Por outro lado, a intensidade de emissões da BHE se dá pela geração de eletricidade de suas usinas movidas a carvão ou gás natural. Ao longo dos anos, a BHE investiu pesadamente em geração própria de energia eólica, solar e geotérmica, com investimentos cumulativos de US$ 30,1 bilhões até 2021, e desativou 16 unidades de geração a carvão. A empresa planeja continuar investindo em geração renovável e aposentar mais 16 unidades de geração de carvão entre 2022 e 2030 de maneira confiável e econômica. 


A Marisa ainda não publica Relatório de Sustentabilidade ou dá qualquer tipo de transparência relacionada a dados socioambientais como retirada de água, uso de energia e emissões de gases de efeito estufa.


Em 2021, as duas únicas mulheres no conselho de administração da empresa renunciaram aos seus cargos, agora o conselho da Marisa, focada em moda feminina, é formado em sua totalidade por homens.


No último ano, foi firmada com a Raízen uma parceria para a aquisição de certificados de energia renovável (I-REC), visando garantir o consumo de energia de fontes renováveis.


A empresa também foi multada duas vezes nos últimos anos (2020 e 2022) por cobranças indevidas relacionadas às suas operações de cartões de crédito e concessão de crédito que representam atualmente 19% de suas receitas totais. Ações relacionadas ao tema também são destaque no Formulário de Referência da Marisa, quando são mencionadas as provisões para os processos cíveis os quais a companhia está envolvida. 



Confira o Alerta ESG desta semana e cadastre-se para receber em primeira mão as análises dos especialistas da NINT em seu e-mail. 



Disclaimer: Este relatório não constitui uma recomendação de investimento. As informações contidas neste relatório são baseadas em fontes que a NINT (do inglês “natural intelligence), nova marca da prática de consultoria que atuou sob a marca SITAWI entre 2013 e 2021, acredita serem confiáveis. Entretanto, a precisão, completude e atualização destes dados não podem ser garantidas e, sob nenhuma circunstância, a NINT poderá ser responsabilizada pelas decisões estratégicas, de gestão ou quaisquer outras tomadas com base nas análises aqui apresentadas. Este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário e não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa. 


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