Carrefour, Vale e Petrobras são destaque nesta edição do Alerta ESG
Nossa equipe de analistas seleciona, semanalmente, os principais fatos ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança coorporativa) que podem afetar as +200 empresas brasileiras listadas em nossa cobertura. Estas são as notícias da última semana:
IMPACTO:
NEGATIVO | SEVERO
Rede de supermercados Atacadão, do Grupo Carrefour, é condenada por gordofobia contra funcionário
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que a rede de supermercados Atacadão, parte do Grupo Carrefour, readmita um funcionário que foi dispensado por gordofobia, além de pagar os salários referentes ao período de afastamento. Os episódios de discriminação tiveram início em 2015, após o funcionário tirar licença médica, momento a partir do qual passou a ser alvo frequente de atos hostis. O funcionário, que exercia cargo de supervisor, foi desligado em 2017, com a justificativa de problemas de saúde, estado físico e peso.
A decisão da Segunda Turma do TST concluiu que ocorreu discriminação na demissão, destacando que o supervisor foi isolado e maltratado desde a licença médica em 2015. A relatora do caso ressaltou a falta de comprovação de motivos legítimos para a demissão, apontando indícios de discriminação, e salientou o estigma social enfrentado por pessoas obesas. Este caso representa uma das primeiras decisões relacionadas a situações de "gordofobia" e esta foi a primeira a determinar a reintegração da vítima. 15/12/2023, Valor Econômico.
IMPACTO:
NEGATIVO | BAIXO
Desflorestamento foi crescente em área de projeto de créditos de carbono da Petrobras, e entidades questionam legitimidade da iniciativa
A Petrobras lançou uma gasolina "carbono neutro", cujas emissões seriam compensadas pelos créditos obtidos através desse projeto. A certificação dos créditos foi realizada pela Verra, e a Petrobras afirmou ter demandado rigorosos critérios para tal procedimento. Contudo, a avaliação de entidades como o Instituto Amazônia Livre e a Tero Carbon, sugere a geração de "créditos irreais", e propõem penalidades para o empreendimento. Existem ainda polêmicas quanto à propriedade da área e contestações sobre a legitimidade do projeto, incluindo a recusa de renovação pela Verra em maio de 2023.
Em setembro de 2023, a Petrobras adquiriu 175 mil créditos de carbono do projeto Envira Amazônia, ressaltando que a iniciativa ocorre em uma área privada no arco do desmatamento no Acre, e que protegeria a floresta de ser derrubada, especialmente os 20% fora da reserva legal e que os proprietários planejavam desmatar para a criação de pastagem.
No entanto, o desflorestamento na região do projeto aumentou a partir de seu quinto ano de execução, alcançando o pico em 2020. Dados do Inpe, organizados pelo Ipam, apontam que a degradação da cobertura vegetal ultrapassou as estimativas do projeto, atingindo 106,5 hectares em 2020. Nos anos subsequentes, 2021 e 2022, a área desmatada foi respectivamente de 53,7 hectares e 61,4 hectares. Existem ainda suspeitas de que os dados utilizados para estimar os créditos, fundamentados na ideia de desmatamento evitado, foram aumentados.
O terreno no qual os créditos são gerados possui 200 mil hectares, dos quais 39,3 mil hectares são referentes ao projeto. Por sua vez, a quantidade de desflorestamento acumulada até 2007 foi de 686,1 hectares e até 2022 atingiu 1.048 hectares. O programa inicialmente previu evitar a degradação de 7.000 a 32.205 hectares da vegetação amazônica em seu primeiro ano, cifra significativamente superior ao que se observou.
Adicionalmente, em 2018, a ONG WRM afirmou que famílias de seringueiros residem há gerações na região, havendo disputas acerca da propriedade, e documentos do projeto Envira Amazônia indicam a existência de comunidades extrativistas dentro e próximas do terreno.
A empresa afirma usufruir de um mecanismo de seguro de permanência, ativado em caso de perda de montantes de carbono. Segundo declaração, o projeto inclui 23% de retenção de créditos como seguro de permanência, de modo que os créditos de reserva podem ser cancelados para suprir ocasionais prejuízos. 18/12/2023, Folha de São Paulo.
IMPACTO:
POSITIVO
Vale inicia produção de briquetes visando reduzir emissões da siderurgia
O produto concebido pela empresa pretende auxiliar no processo global de descarbonização na indústria siderúrgica; A Vale, em sua instalação no Porto de Tubarão, Vitória, anunciou a primeira fábrica de briquetes do planeta - uma forma de aglomerado de minério de ferro de qualidade superior, desenvolvida pela empresa, conferindo elevada resistência ao produto final e diminuindo em até 10% as emissões de gases de efeito estufa nos altos-fornos. A mineradora possui pedidos para mais de um ano de produção, especialmente de clientes europeus e do Oriente Médio. A ideia da empresa é ter ainda, duas unidades produtivas na cidade até o final de 2024. O investimento total previsto é de R$ 1,2 bilhão.
No território brasileiro o objetivo é identificar regiões com gás natural e oportunidades de mercado, para estabelecer complexos industriais ("mega hubs") em proximidade aos clientes para otimizar recursos energéticos e logísticos. A princípio, uma das localidades em observação está no norte do Estado do Rio de Janeiro, o Porto do Açu, local no qual há disponibilidade de gás a preço competitivo. 13/12/2023, Valor Econômico.
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